segunda-feira, 16 de maio de 2011

Precisamos de um Brasil mais inovador


Vivemos a era da informação, do conhecimento e, principalmente, da inovação. As marcas mais admiradas da atualidade utilizam e vendem inovação. É por meio de processos inovadores que essas bem sucedidas empresas conseguem aumentar a eficiência, a produtividade e, consequentemente, a competitividade. Inovação gera valor para o setor produtivo.
No mundo todo, muitas empresas e governos já despertaram para a questão e investem boa parte de seus recursos, financeiros e humanos, em pesquisa e desenvolvimento (P&D). No Brasil, contudo, ainda não temos um ambiente favorável que estimule a inovação por parte dos agentes do desenvolvimento, que são as empresas, os trabalhadores e o poder público. Nos falta uma postura mais ousada e inovadora. É preciso criar urgentemente essa cultura no país.
Os números comprovam o nosso atraso na área. De acordo com o Índice Fiesp de Competitividade das Nações, o gasto em P&D no Brasil subiu de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB), em 1997, para aproximadamente 1,1%, em2008. Nos países mais competitivos, o gasto em P&D cresceu de 2,6% do PIB, para 2,8 % no mesmo período. Temos, portanto, um modelo ultrapassado de gestão da inovação. Nossas empresas, de modo geral, têm dado pouca importância à questão quando ela deveria estar no centro das atenções.
Sem uma conjuntura que fomente a inovação nos setores produtivos, corremos o risco de perder ainda mais competitividade, tanto no mercado doméstico, com a invasão dos importados, como no internacional, onde boa parte dos atores econômicos está mobilizada em busca demais eficiência por meio da inovação. Neste cenário, devemos esperar que o Estado assuma o compromisso de articular e perseguir um plano de longo prazo, com metas, projetos e programas bem estruturados, semelhantes aos de nossos principais concorrentes.
Esse esforço passa necessariamente pelo estabelecimento de um ambiente jurídico mais estável e por evitar que o trinômio câmbio-juros-carga tributária, além da burocracia, sejam restrições permanentes aos investimentos privados em inovação. Em 2008, por exemplo, o gasto em P&D da indústria brasileira foi de R$ 12,4 bilhões. No mesmo ano, o gasto apenas com spread bancário foi em torno de R$ 60 bilhões, valor quase cinco vezes superior ao aporte em pesquisa e desenvolvimento.
Para reverter esse cenário, é preciso enfrentar o desafio institucional. Precisamos aprimorar e ampliar o financiamento reembolsável e não reembolsável à inovação. Temos de reestruturar os incentivos fiscais à inovação tecnológica, permitindo a utilização por empresas de lucro presumido. É necessário aumentar investimentos em Tecnologia Industrial Básica (TIB). Tudo isso reforçando o suporte à propriedade intelectual e, não menos importante, reconhecendo efetivamente a educação como parte primordial do Sistema Nacional de Inovação.

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